segunda-feira, 9 de março de 2009

LINGUAGEM E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Conceber a linguagem em toda a sua dimensão histórica e social implica compreendê-la como produto de um trabalho coletivo e histórico da experiência entre os homens.
É devido à natureza social e cultural da linguagem que suas regras sociais se originam na própria prática com a linguagem, pois se as decisões de escolha de quem produz a linguagem são reguladas pelo outro e pela força dos grupos sociais e do momento histórico.
Nessa perspectiva a linguagem não serve apenas para transmitir informações, mas é capaz de organizar e revelar a consciência e o pensamento e, devido ao seu caráter simbólico, a linguagem é capaz de representar o real.
O aluno deverá ter claro para quem ele fala e escreve, num lugar e momento determinados, o significado da linguagem emerge desta contextualização.

  • Diante de uma proposta de produção textual deve-se ter clareza a respeito de:
    - o que deseja dizer sobre o tema proposto, tendo em vista suas intenções (tese - argumentos; causa - conseqüência; fato - anterioridade; problema - solução; conflito - resolução; progressão argumentativa);
    - meio social a que se refere (quanto ao texto dissertativo, relacionar adequadamente a seleção e a ordenação dos argumentos com a tese);
    - seu interlocutor (identificar o interlocutor e o assunto sobre o qual se posiciona para estabelecer interlocução);
    - mecanismos de composição a ser utilizado (considerando as condições de produção, utilizar diferentes recursos resultantes de operações lingüísticas – escolha, ordenação, expansão, transformação);
    - qual a finalidade dessa produção.
  • Tendo claro esses elementos o texto será produzido com mais segurança, o que será decisivo para desenvolver-se um bom produtor de textos.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O ENSINO DA LINGUAGEM PADRÃO

O ensino da norma padrão para os falantes dos dialetos não padrão é um dos principais desafios da escola. É obrigação da escola prover os alunos da classe social popular, de um material lingüístico, que possibilite o acesso à linguagem de maior prestígio social, usada pela classe dominante.
O respeito à variedade lingüística da criança é necessário para se desfazer o preconceito de que a utilização de formas desprestigiadas representa uma incapacidade da criança em aprender. A questão é que a criança interiorizou a linguagem usada nas suas próprias relações sociais. Cabe então à escola criar condições para que esta criança possa vivenciar situações sociais com a linguagem padrão para que ela tenha condições de manuseá-la. Para que se torne possível qualquer ascensão social, a escola deve ter como meta o domínio da norma padrão.
Enfim, o professor precisa ter clareza que a ortografia é um aspecto a ser trabalhado no decorrer da vida escolar. Um trabalho permanente e contínuo que possui duas naturezas: intelectual (baseado em regras) e de natureza convencional.

O uso das várias gramáticas no contexto escolar

Pensar o ensino de Língua Portuguesa significa pensar na realidade da linguagem, pois é via linguagem que nos constituímos enquanto sujeitos no mundo, é a linguagem que, com o trabalho, caracteriza a nossa humanidade, que nos diferencia dos animais. É a linguagem que nos possibilita pensar nos objetos e a operar com eles na sua ausência. Essa capacidade de abstração, que também caracteriza o ser humano, só se tornou possível porque o homem, impelido pela necessidade de se organizar socialmente, construiu a linguagem, um conjunto de signos que são a representação do real.
Acreditamos que nas aulas de língua portuguesa se ensine a ler e a escrever.O trabalho com a gramática será feito na perspectiva do uso da funcionalidade dos elementos gramaticais. A gramática normativa, devera ser de domínio do professor, pois este sim é o responsável pela criação de situações, ao nível da prática, em que os alunos deverão incorporar de modo cada vez mais elaborado, a gramática da língua padrão. O que defendemos aqui não é deixarmos de lado a gramática, mas utilizá-la de forma criativa e funcional aproveitando as oportunidades que aparecerem, sem, no entanto, termos como norteador de nosso trabalho que a língua deve se constituir na compreensão dos fatos lingüísticos e não na nomenclatura e classificação dos mesmos.

©2007 '' Por Elke di Barros